Arrumando a mala hoje pela manhã eu vi um livro que me
conquistou, “Endless Night”, no Brasil, “Noite sem fim”, um livro escrito por
Agatha Christie, publicado em 1967 que eu comprei usado numa pequena cidade
chamada Euchuca, uma cidade histórica, situada no estado de Victoria, Austrália,
que faz divisa com New South Wales. Livros fazem isso comigo, eles guardam
lembranças, dos lugares em que estive enquanto os lia, onde os comprei, onde os
ganhei, o que eu senti ao lê-los... Cada vez que os revejo é uma nova viagem.
Quando eu era mais nova eu não gostava de livros de segunda
mão, hoje eu gosto, eles possuem uma história, alguns têm dedicatórias, velhos
marcadores. Pequenas anotações. marcas de café. Pela forma como o recebe percebe- se se a
pessoa o levou para todo o canto, se o lia apenas em casa em cima de uma
escrivaninha, se não o lia at all.
Voltando ao livro(!), Endless Night não é um dos títulos mais
conhecidos da Agatha, ele não contem seus detetives mais conhecidos(Poirot e
Marple), desde o inicio somos alertados de que esta não é uma historia de amor,
e não é mesmo. No inicio me identifico
muito com a personagem do jovem Michael Rogers, algumas coisas que ele diz são
extremamente tocantes, irei citar duas de suas falas favoritas do inicio do
livro:
“I never
stuck to anything. Why should I? I’d found nearly everything I did interesting.
Some things were harder work than others but I didn’t really mind that. I´m not
really lazy. I suppose what I really am is restless. I want to go everywhere,
see everything, do everything. I want to find something. Yes, that´s it. I want
to find something…
…Surely, I
thought, in a world where man has been able to put satellites in the sky and
where men talk big about visiting the stars, there must be something that
rouses you, that makes your heart beat, that´s worth while searching all over
the world to find…”
Traduzindo
livremente:
“Eu nunca me prendo a nada. Por que eu deveria? Eu acharia quase
tudo o que fiz interessante. Algumas coisas eram mais trabalhosas do que os
outras, mas eu realmente não me importava. Eu não sou muito preguiçoso. Acho
que o que eu realmente sou é inquieto. Eu quero ir a todos os lugares, ver
tudo, fazer tudo. Eu quero encontrar algo. Sim, é isso. Eu quero encontrar
algo.”
“Certamente, Eu pensei, em um mundo onde o homem foi capaz
de colocar satélites no céu e onde os homens falam grandiosamente sobre a
visita as estrelas, deve haver algo que o desperte, que faça seu coração bater,
que valha a pena procurar por todo mundo para encontrá-la...”
Acho que foi este “Eu quero encontrar algo” que me
conquistou, porque de fato todos nós estamos à procura de algo, algo que nos
complete. Endless Night mostra como Michael encontra Ellie, e como ambos se
apaixonam por Gipsy’s Acre. Mas como
todo o suspense de Agatha Christie, uma terrível morte acontece, e vamos conhecendo
cada vez mais, estas interessantes personagens. Eu sei que não contei muito
sobre o enredo, mas existem livros, que deveriam ser lidos sem sinopse
profunda, para que possamos ser surpreendidos a cada minuto e assim foi como
este livro para mim, uma surpresa fabulosa, mostrando que Agatha é sim, “A rainha do Crime!”