Capítulo 3 – Alice.
- Vamos ver se a Alice aparece de
novo?
- Acho que aquilo foi só fruto da
nossa imaginação...
- Não, Lidia! Eu vi e você também
viu! Nós não somos loucas!
As duas olharam-se e Sarah abriu seu livro.
Começou a lê-lo em voz alto, logo após, Lidia também. Elas já estavam sem
esperança de ver Alice sair do livro, até que...
- Me desculpem por ter demorado a chegar...
Estava indo atrás de um coelho. Ele usava terno! E tinha olhos cor-de-rosa!
As duas riram, elas já conheciam a história,
mas agora poderiam saber o que Alice sentiu quando tudo aconteceu. Elas mal
acreditaram!
- Alice, como é fazer parte de um livro?
- Alice, a rainha de Copas é tão má assim?
- Alice, qual é seu melhor amigo?
- ALICE!
Alice já estava tonta com tantas perguntas feitas pelas meninas. Era a
primeira vez que ela estava naquele mundo estranho, poxa! Era ela quem deveria
fazer as perguntas! E foi isso que ela fez:
- Como vocês me encontraram?
As duas se olharam sem saber o que responder. Será que Alice sabia mesmo
que ela era apenas uma personagem?
- Bem, você é nossa personagem preferida. –
disse Sarah.
- Verdade? – perguntou, com os olhinhos
brilhando. Ela mal podia acreditar!
- Sim! Amamos sua história!
- Como conhecem minha história?
- Um homem a escreveu. Neste livro aqui... –
disse Lidia, estendendo o livro para que Alice visse.
- Tanto tempo que estou presa neste livro que já havia me esquecido que
sou apenas uma personagem inventada... – disse, num tom melancólico.
E foi assim que perceberam que o “felizes para
sempre” nem sempre resolve as coisas. Até porque, Alice, assim como todos os
personagens dos livros, vivem sempre a mesma história quando alguém a lê. Quando
o “felizes para sempre” chega, logo após vem o “Era uma vez” de novo, como um
círculo vicioso.
- Você gostaria de refazer sua história? –
perguntou Sarah, procurando o olhar de Alice.
- Refazer, não. Apenas quero viver coisas
novas... A mesma rotina todos os dias cansa... Quero descobrir coisas novas!
Fazer amizades! Viver de verdade... – uma lágrima escorrera dos olhos de Alice,
mas foi rápida e logo a enxugou. Era do tipo de pessoa que não gosta de se
mostrar frágil.
- Mas e quanto a tudo o que você viveu? A sua
história, contada nesse livro, que tantos amam! Eu daria minha vida para ser
você! Viver as aventuras que você viveu! – Lidia quase gritava, indignada.
- Não é isso que estou dizendo... – disse,
olhando para baixo, estalando os dedos – Não me arrependo de nada, nada! Tudo o
que vivi foi ótimo. Não trocaria minhas aventuras por nada neste mundo! Apenas
quero viver dias diferentes. Da primeira vez em que encontrei o País das
Maravilhas foi tudo tão lindo! É realmente maravilhoso lá! Da segunda, estava
feliz de ter voltado lá, vivido novamente aqueles momentos únicos. Quer dizer,
que eu achava que eram únicos. Depois de um tempo, tudo se torna vazio. Tudo o
que era novidade, agora perdeu a graça. Como se tudo, tudo tivesse evaporado. É
como aprender algo que você já sabe.
Lidia ouvia atentamente, assim como Sarah.
Elas pensavam que a vida de Alice era perfeita, mas perceberam que nem num
livro tudo é perfeito. É claro que os autores sempre colocam efeitos nos livros
para que pareça que tudo vai dar errado, mas dá certo. Mas, elas nunca tinham
visto o ponto de vista dos personagens. Tudo se torna mais difícil para eles.
Alice finalmente olhara para elas. E os olhos
dela eram tão azuis, mas naquele momento estava quase preto. Era como se o
mundo estivesse em preto-e-branco, como se mais nada fizesse sentido.
- Você quer se aventurar com a gente? –
perguntou Sarah, com um sorriso nos lábios.
Alice afirmou com a cabeça, e abraçou-as.
- Temos que
encontrar uma biblioteca.
- Não, não será preciso, Sarah.
- Por que não?
- Venham comigo.
Lidia, Sarah e Alice andaram até
o lugar desejado. Era perto de uma praia. O Sol estava se pondo. A paisagem era
extraordinariamente linda. Logo, avistaram uma casa, na praia. Era um lugar
abandonado.
Lidia suspirou ao entrar naquela casa. Parecia
que tudo vinha a mente dela... Sarah e Alice não estavam entendendo nada. O que
aquele lugar significava? De repente, Lidia quebrou o silêncio:
- Esta era minha casa... – disse Lidia ao
observar o que sobrara dela.
E, então, dirigiu-se a um lugar específico. Um
quarto. Um quarto de uma digna princesa. Não estava em perfeitas condições, mas
todos podiam notar que aquele quarto era lindo.
Lidia passara as mãos nas
paredes. Olhava tudo, com os olhos molhados. Muita coisa que era dela já havia
sumido. Mas, o que ela queria ela tinha certeza que ninguém havia pegado.
- Por favor, me ajude a tirar essa madeira
daqui? – disse Lidia à Sarah.
- Claro.
Sarah a ajudou e viu que, embaixo daquela
madeira, tinha livros. Vários livros. E o primeiro era justamente “Alice no
país das maravilhas”.
Sarah e Lidia realmente gostavam da história.
Podiam imaginar, de verdade, que Alice estava ali. Pena que não estava
realmente.
O dia estava se pondo, mas alguns raios de Sol
ainda conseguiam entrar pela janela. Sarah pôde ver que algo em Lidia havia
brilhado. Lidia tinha um colar lindo, que tinha a mesma cor de seus olhos.
Verdes.
Escrito por Taiane.
Estou adorando Taiane *-*
ResponderExcluirVocê escreve muito bem
Beijinhos
http://misteriodapaginas.blogspot.com.br/
Que bom que está gostando flor! E obrigada pelo elogio :)
ExcluirBeijos,
Tah ^^,